O mercado global de eletrônicos enfrenta uma situação incomum. A administração do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estuda a possibilidade de aplicar tarifas sobre dispositivos eletrônicos com base no número de chips que contêm. Segundo a Reuters, a proposta busca atrair o máximo possível de manufatura de volta ao território americano.
Atualmente, o Departamento de Comércio dos EUA avalia um plano para impor tarifas sobre eletrônicos importados, calculadas como uma porcentagem do valor estimado dos chips neles incluídos. Essa medida é uma entre várias que a Casa Branca analisa como alternativas para fortalecer a produção doméstica de semicondutores. Analistas do Wall Street Journal destacam ainda que a administração Trump pode exigir que fabricantes de chips produzam, nos EUA, um volume equivalente ao que importam do exterior.
No início de 2025, o presidente já havia anunciado a intenção de aplicar uma tarifa de 100% sobre todas as importações de semicondutores, exceto para empresas que possuam fábricas em solo americano. Porém, até o momento, a medida não entrou em vigor.
Trump também tem reiterado preocupações com a segurança nacional, em razão da dependência dos EUA em relação a chips estrangeiros. Como parte dos esforços para apoiar o setor, a Casa Branca chegou a adquirir uma participação de 10% na Intel, com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento da produção local.
Ainda assim, especialistas permanecem céticos quanto à capacidade dessas iniciativas de gerar um aumento expressivo na manufatura doméstica de chips. Tarifas sobre dispositivos eletrônicos populares podem inclusive elevar os preços para o consumidor final. Além disso, analistas alertam que chips produzidos nos EUA podem acabar se tornando significativamente mais caros do que os fabricados no exterior.
Apesar das dúvidas, as ameaças tarifárias de Trump já renderam compromissos de grandes empresas de tecnologia para expandir sua produção em território americano. Em resposta, a TSMC, maior fabricante de chips do mundo, prometeu investir US$ 165 bilhões no país. Outras companhias seguiram o mesmo caminho: a Apple anunciou planos de investir US$ 500 bilhões nos próximos quatro anos, enquanto a Microsoft pretende aplicar US$ 80 bilhões em infraestrutura, destinando mais da metade desse valor aos Estados Unidos.
