O longo período de noites apagadas para o euro, sob a sombra dominante do dólar americano, pode estar chegando ao fim. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, reconheceu que o euro ainda é um coadjuvante no palco das moedas globais, mas sinalizou uma intenção clara de mudar essa narrativa.
Em 2025, o euro registrou uma forte recuperação, impulsionada principalmente pela saída de capitais de ativos norte-americanos em meio à instabilidade política contínua em Washington. Investidores em busca de refúgio voltaram-se para o ouro e para títulos europeus, conferindo ao euro tanto um apelo de porto seguro quanto um impulso inédito. No entanto, à medida que o capital fluía para os mercados de ações e títulos menores da Europa, a volatilidade aumentou, evidenciando a infraestrutura ainda pouco desenvolvida do sistema financeiro europeu.
Lagarde apresentou uma visão mais assertiva para o euro, defendendo que a moeda deve deixar de ser reativa e passar a influenciar ativamente o cenário monetário global. Embora reconheça que um euro mais forte possa prejudicar a competitividade dos exportadores europeus, ela acredita que o BCE dispõe de ferramentas para administrar essas pressões.
De forma crucial, Lagarde também destacou os entraves estruturais que ainda limitam o avanço da Europa: burocracia fragmentada, políticas fiscais inconsistentes e mercados de capitais pouco eficientes continuam sendo obstáculos ao papel do euro como força financeira global.