O CEO da Blockstream, Adam Back, descreve o Bitcoin como a expressão máxima dos ideais que nasceram no movimento criptográfico dos anos 1990. Para ele, a primeira criptomoeda representa o “dinheiro sem permissões” — um sistema que permite a qualquer pessoa com acesso à internet administrar seus próprios recursos, sem depender de intermediários ou da supervisão governamental.
A diferença fundamental entre o Bitcoin e o sistema financeiro tradicional está no controle. Nos bancos convencionais, reguladores e instituições podem congelar contas ou impor restrições ao acesso aos fundos. Já no Bitcoin, esse tipo de vulnerabilidade não existe: a propriedade das moedas depende exclusivamente da segurança da chave privada, um equivalente digital à senha de um cofre pessoal. Nenhuma entidade externa pode interferir na capacidade do usuário de movimentar seus ativos.
Os ideais do movimento cypherpunk, que defendem o uso generalizado de criptografia forte, antecederam o Bitcoin em duas décadas. Essa comunidade já imaginava um sistema de dinheiro eletrônico que garantisse anonimato total e eliminasse a necessidade de confiar em terceiros. O Bitcoin concretizou essa visão por meio da tecnologia blockchain, dando origem ao primeiro sistema monetário verdadeiramente descentralizado.
O crescente interesse corporativo pelo Bitcoin evidencia o valor prático desse ativo. A MicroStrategy, hoje a maior detentora corporativa de BTC, recentemente concluiu com sucesso a emissão de ações preferenciais no mercado europeu, levantando mais de US$ 700 milhões. As ações de empresas que acumulam Bitcoin vêm se tornando um instrumento de hedge cada vez mais atraente para investidores preocupados com a inflação e com a volatilidade das moedas tradicionais.
Esse movimento demonstra que as ideias formuladas na década de 1990 finalmente encontraram aplicações concretas na economia atual.
