Wall Street faz uma pausa enquanto investidores avaliam riscos geopolíticos e perspectivas do Fed
As bolsas de valores dos Estados Unidos interromperam a sequência de duas altas consecutivas nesta quarta-feira, à medida que os investidores adotaram uma postura cautelosa diante do frágil cessar-fogo entre Israel e Irã. Paralelamente, todas as atenções permaneceram voltadas para o Capitólio, onde o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, continuou seu depoimento ao Congresso.
Setor de tecnologia segue na liderança
As ações de tecnologia mais uma vez puxaram os ganhos, impulsionando o índice Nasdaq. Já o S&P 500 encerrou praticamente estável, mantendo-se próximo ao recorde histórico de fechamento registrado em 19 de fevereiro.
Por outro lado, o índice Dow Jones recuou ligeiramente, refletindo um sentimento mais cauteloso entre os investidores de blue chips.
Nvidia atinge o topo do mundo corporativo
A gigante dos chips Nvidia continuou sua trajetória meteórica e atingiu um novo recorde histórico. A capitalização de mercado da empresa saltou para impressionantes US$ 3,75 trilhões, tornando-a oficialmente a empresa de capital aberto mais valiosa do planeta.
Setores em alta e em baixa
Dos 11 principais setores do S&P 500, tecnologia, serviços de comunicação e saúde registraram ganhos. Já os setores defensivos — como imóveis, bens de consumo essenciais e serviços públicos — ficaram atrás do desempenho do mercado mais amplo.
Resumo dos índices:
- Dow Jones: caiu 106,59 pontos (–0,25%), para 42.982,43 pontos;
- S&P 500: recuou 0,02 ponto (–0,00%), mantendo-se praticamente estável em 6.092,16;
- Nasdaq Composite: subiu 61,02 pontos (+0,31%), fechando em 19.973,55 pontos.
Trump declara "vitória", mas mercado aguarda clareza
O presidente Donald Trump proclamou uma "vitória" dos EUA na disputa com o Irã, embora os danos reais à infraestrutura nuclear iraniana ainda não estejam claros. Diante disso, os mercados optaram por adotar uma postura de espera, priorizando dados concretos em vez de declarações políticas.
Powell prega cautela: Fed adia cortes diante da incerteza sobre tarifas
No segundo dia seguido de depoimento ao Comitê Bancário do Senado, Jerome Powell reiterou que o Federal Reserve não tem pressa em cortar os juros. Ele destacou que os formuladores de política preferem aguardar mais clareza sobre os impactos das tarifas abrangentes impostas por Trump antes de tomar decisões.
Mercado aposta em corte só em setembro
Segundo a ferramenta CME FedWatch, as apostas indicam apenas 25% de chance de um corte de juros na reunião de julho. Já para setembro, a probabilidade salta para 67%.
Setor imobiliário dá sinais de enfraquecimento
Dados recentes do setor habitacional apontaram queda acentuada na demanda. As vendas de imóveis novos caíram 13,7%, enquanto os pedidos de financiamento hipotecário também recuaram, pressionados pelo aumento nas taxas de juros — o que tem freado a atividade dos compradores.
Relatórios Econômicos Cruciais no Radar
Os investidores estão atentos à divulgação final do PIB do primeiro trimestre, prevista para esta quinta-feira pelo Departamento de Comércio dos EUA. Ainda maior é a expectativa em torno do índice de Despesas com Consumo Pessoal (PCE), que será divulgado na sexta-feira. Esse dado trará uma atualização essencial sobre o comportamento do consumidor e as tendências subjacentes da inflação.
Tesla Enfrenta Dificuldades na Europa
As ações da Tesla caíram 3,8% após dados revelarem que as vendas na Europa recuaram pelo quinto mês consecutivo. A fraqueza persistente em um de seus principais mercados globais continua preocupando os investidores.
Previsões Fracas Derrubam FedEx e General Mills
A incerteza econômica começa a impactar as projeções corporativas. A FedEx perdeu 3,3% após divulgar uma estimativa de lucro abaixo do esperado, atribuindo o desempenho fraco à demanda global reduzida por conta das tarifas comerciais. A concorrente UPS também teve queda de 1,2%.
Enquanto isso, a gigante do setor alimentício General Mills decepcionou com uma previsão de lucros sombria, provocando queda de 5,1% em suas ações.
BlackBerry e Micron Disparam com Projeções Otimistas
As ações da BlackBerry saltaram 12,5% após a empresa de cibersegurança revisar para cima sua estimativa de receita, citando demanda estável por seus serviços. A fabricante de chips Micron Technology também teve forte valorização: suas ações subiram mais de 5% no after-market, impulsionadas por uma projeção de receita melhor que o esperado para o quarto trimestre.
Fed na Mira: Trump Pode Antecipar Substituição de Powell
O dólar americano perdeu força na quinta-feira após notícias de que o presidente Donald Trump estaria considerando nomear um sucessor para o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, já em setembro ou outubro. A especulação gerou vendas generalizadas da moeda, aumentando a incerteza nos mercados.
Analistas alertam que uma substituição antecipada pode ser interpretada como tentativa de influenciar a política monetária — muito antes do fim oficial do mandato de Powell, previsto para maio de 2026. As preocupações com a independência e credibilidade do Fed voltam ao centro do debate.
Mercados Asiáticos Estáveis em Meio à Incerteza nos EUA
Apesar das movimentações políticas em Washington, as bolsas asiáticas mantiveram relativa estabilidade. O índice MSCI para ações da Ásia-Pacífico (exceto Japão) registrou ganhos moderados, mesmo com a pausa no rali de Wall Street. O Nikkei do Japão subiu 1,5%, atingindo o maior nível desde o fim de janeiro.
Euro Dispara com Enfraquecimento do Dólar
No mercado cambial, os holofotes se voltaram para o euro, que alcançou o maior patamar desde setembro de 2021. A moeda única era cotada a 1,6837 dólar — movimento que reflete a recente fraqueza do dólar e a crescente cautela dos investidores diante dos ventos cruzados políticos e econômicos nos EUA.
Avanço dos Ativos de Refúgio: Franco Suíço atinge máxima em uma década; Iene também se valoriza
O franco suíço disparou para seu nível mais alto em dez anos, reforçando sua posição como moeda de refúgio em meio às tensões nos mercados globais. Ao mesmo tempo, o iene japonês registrou alta de 0,3%, sendo negociado a 144,815 frente ao dólar americano.
Dólar em Forte Queda: Nível mais baixo desde março de 2022
O Índice Dólar — que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas principais — caiu para o menor patamar desde março de 2022. No acumulado do ano, o índice já recuou 10%, refletindo a crescente preocupação dos investidores com a agenda tarifária de Donald Trump e seus possíveis impactos sobre o dinamismo da economia dos EUA.
Juros dos Títulos Caem: Mercado precifica expectativa de corte de juros
Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dois anos — considerados um termômetro das expectativas para a política monetária — recuaram 1,5 ponto-base, para 3,764%. Este é o menor nível em sete semanas, sinalizando que o mercado começa a apostar em uma flexibilização da política de juros.
Preços do Petróleo Sobem Levemente: Riscos geopolíticos permanecem
Os preços do petróleo estenderam seus ganhos nesta quinta-feira, após um mês turbulento marcado pelo conflito entre Israel e Irã. Os contratos futuros do Brent avançaram 0,37%, para US$ 67,93 por barril, enquanto o WTI subiu 0,45%, para US$ 65,21, à medida que operadores reavaliam os riscos geopolíticos que podem afetar a oferta.