A combinação de fatores geopolíticos, expectativas em relação ao início do ciclo de cortes de juros pela Reserva Federal, notícias positivas vindas dos EUA e da China, e os riscos de uma paralisação na produção de 1,17 milhão de barris diários (bpd) na Líbia impulsionou os preços do petróleo. As cotações do Brent dispararam mais de 7% em apenas três dias de negociação. Os preços futuros do petróleo do Mar do Norte registraram um aumento significativo, de 62 centavos para mais de 1 dólar. Além disso, a Exxon Mobil alertou que a demanda não deverá diminuir até 2025. Caso os produtores não ampliem os investimentos na produção, os preços podem quadruplicar devido à redução na oferta.
Essa previsão contrasta com as projeções da Agência Internacional de Energia (IEA) e da Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA), que preveem uma diminuição gradual na demanda global por petróleo bruto em meio à transição para fontes de energia alternativas. Paralelamente, com o aumento da produção pela OPEC+, os grandes bancos de Wall Street podem revisar para baixo suas previsões para o Brent. Por exemplo, o Goldman Sachs estima que os preços médios do Brent serão de US$ 77 por barril em 2025, devido a um superávit no mercado, enquanto o Morgan Stanley projeta uma faixa de US$ 75 a 78.
Até agora, os cenários pessimistas não se concretizaram. Os estoques de petróleo em Cushing caíram para os níveis mais baixos em seis meses, em meio ao aumento da demanda das refinarias nos EUA. A disposição do Fed em iniciar um ciclo de flexibilização monetária deve, teoricamente, impulsionar a demanda por petróleo bruto nos EUA. Simultaneamente, a aceleração do crescimento dos lucros industriais das empresas chinesas, de 3,6% para 4,1% ano a ano em julho, é vista como um ponto positivo em um cenário econômico ainda incerto para a China.
Dinâmica dos Estoques de Petróleo em Cushing
As expectativas de aumento na demanda por petróleo, especialmente de grandes consumidores como China, Estados Unidos e Índia, combinadas com problemas de fornecimento em regiões instáveis como o Norte da África e o Oriente Médio, estão impulsionando os preços do Brent. A crise na Líbia, que já causou uma redução de 1,17 milhão de barris por dia na produção, representando aproximadamente 1% do fornecimento global, é um exemplo claro dessa tendência.
Adicionalmente, analistas alertam que um conflito direto entre Irã e Israel poderia retirar do mercado entre 3% e 4% do petróleo mundial, caso a infraestrutura petrolífera iraniana fosse atacada. Embora a inteligência dos EUA avalie que o risco de uma escalada militar tenha diminuído após os recentes confrontos entre Israel e o Hezbollah, a possibilidade de retaliações iranianas e consequentes interrupções no fornecimento continua a preocupar os mercados.
Dinâmica dos Lucros Industriais na China
Além disso, nem o Hezbollah nem Israel aceitaram as modificações propostas por cada um ao plano dos EUA para um cessar-fogo em Gaza. Os riscos geopolíticos no Oriente Médio permanecem elevados e, quando combinados com o aumento da demanda global por petróleo e os problemas de fornecimento na Líbia, continuam a pressionar os preços para cima.
Tecnicamente, o gráfico diário do Brent indica a formação de um padrão de reversão 1-2-3. É recomendável manter as posições de compra iniciadas a partir de $79,30 por barril, com a possibilidade de aumentá-las caso a resistência em $82,55 seja rompida.