Na semana passada, o Banco do Canadá manteve sua taxa básica de juros em 2,75%, conforme amplamente esperado pelo mercado. O comunicado que acompanhou a decisão teve um tom neutro, ressaltando a contínua incerteza no ambiente econômico atual.
Essa incerteza é intensificada por declarações provocativas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que voltou a atacar o Canadá. Em seu comentário mais recente, sugeriu um possível aumento nas tarifas sobre automóveis, com base em uma alegação, no mínimo controversa, de que os EUA estariam "subsidiando" o Canadá em US$ 200 bilhões por ano.
Apesar das declarações, os mercados praticamente não reagiram, e o dólar canadense permaneceu estável. Ainda há chances de que o Banco do Canadá precise reduzir os juros na próxima reunião, marcada para junho. No entanto, as projeções devem ser revistas após as eleições de 28 de abril.
O favorito na corrida eleitoral é Mark Carney, ex-presidente do Banco da Inglaterra, nomeado pela monarquia com a missão de adotar uma postura firme diante de Trump. Isso sinaliza uma provável intensificação das disputas comerciais e tarifárias com os Estados Unidos — um embate com desfecho ainda incerto.
Na última semana, Carney lançou seu plano de governo, intitulado "Plano de Defesa contra Trump", apresentado como base de sua campanha. O ponto central é o aumento dos gastos com defesa para 2% do PIB, com foco em conter a influência da China e da Rússia no Ártico. No entanto, a parte econômica do plano permanece vaga, sugerindo que está sendo negociada nos bastidores — o que torna o cenário altamente volátil e difícil de antecipar em termos de trajetória para o dólar canadense.
Além disso, as posições especulativas vendidas no CAD recuaram significativamente — de US$ 2,35 bilhões, para -US$ 6,0 bilhões, o que permitiu uma redução do valor justo estimado para abaixo da média de longo prazo.
O dólar canadense (Loonie) está se consolidando logo acima da zona de suporte entre 1,3680 e 1,3700. Na semana passada, indicamos que o par poderia entrar em uma faixa de negociação lateral após a formação de uma base. No entanto, os movimentos recentes aumentaram significativamente a probabilidade de novas quedas.
Esperamos uma tentativa de rompimento abaixo desse suporte, com alvos potenciais na região de 1,3410 a 1,3430 — um cenário que até pouco tempo atrás pareceria improvável, especialmente considerando que o Canadá foi o primeiro país a ser impactado pela nova política comercial dos Estados Unidos. Ainda assim, a reação do mercado indica que os investidores enxergam uma forte capacidade de defesa por parte do Canadá.
Caso ocorra um recuo em direção à zona de resistência mais próxima, entre 1,4010 e 1,4020, esperamos uma retomada da pressão vendedora, o que reforçaria a tendência de baixa no curto prazo.