Hoje, o ouro tenta recuperar o ímpeto positivo pelo segundo dia consecutivo. Na quarta-feira, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, frustrou as expectativas de um corte imediato nas taxas de juros, ao afirmar que ainda é cedo para discutir possíveis reduções no custo dos empréstimos na reunião de setembro. Ele também destacou que a atual política monetária, moderadamente restritiva, não impede o crescimento econômico e contribui para lidar com a persistente incerteza relacionada às tarifas e à inflação.
A visão positiva do Fed sobre a economia foi confirmada pelo relatório preliminar do PIB dos EUA, que apontou um crescimento anualizado de 3% no segundo trimestre. Já na quinta-feira, o Bureau de Análise Econômica dos EUA informou que o índice de preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE) subiu para 2,6% em junho, ante 2,4% em maio.
O núcleo do índice PCE — que exclui os preços voláteis de alimentos e energia — aumentou 2,8% na comparação anual, repetindo a leitura de maio e superando a projeção dos analistas, que esperavam 2,7%. Esses dados reforçam as expectativas de pressão inflacionária ao longo do segundo semestre e adiam o início do ciclo de cortes de juros do Fed, ao menos até outubro. Como consequência, o dólar norte-americano atingiu uma máxima de vários meses, limitando o potencial de alta do ouro.
Também na quinta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou um decreto que impõe novas tarifas comerciais a diversos parceiros, com vigência a partir de 7 de agosto. Segundo o governo, as tarifas serão mantidas em 10% para países com superávit comercial em relação aos EUA e em, no mínimo, 15% para aqueles com déficit. No entanto, o futuro das relações comerciais entre os EUA e a China permanece incerto.Apesar de dois dias de negociações entre as delegações dos EUA e da China nesta semana, as duas maiores economias do mundo ainda não chegaram a um acordo. O Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que a decisão sobre estender a trégua comercial de 90 dias — que expira no fim do mês — caberá ao presidente Trump. Esse cenário oferece alguma estabilidade, mas desestimula a tomada de riscos por parte dos investidores, sustentando a demanda por ativos de refúgio.
Diante disso, os traders são aconselhados a adotar cautela e aguardar a divulgação do relatório de empregos não agrícolas dos EUA (NonFarm Payrolls, NFP) referente a julho. Na sexta-feira, também será publicado o índice ISM de gerentes de compras (PMI) do setor industrial, que pode influenciar o dólar e oferecer uma direção adicional ao ouro.
Do ponto de vista técnico, o nível de 3315 dólares, atingido ontem, atua agora como resistência imediata para os preços do ouro. Um rompimento acima desse patamar pode desencadear o fechamento de posições vendidas e levar o par XAU/USD a superar a próxima resistência em 3330 dólares, com potencial para alcançar o nível-chave de 3350 dólares. A continuidade do movimento de compra abriria espaço para a reconquista do patamar psicológico de 3400 dólares.
Por outro lado, a média móvel simples (SMA) de 100 dias, situada próxima de 3270 dólares, continua oferecendo suporte. Um rompimento decisivo abaixo desse nível pode empurrar os preços para a mínima de junho, em torno de 3245 dólares. Uma trajetória de queda mais acentuada poderia se estender até o nível de 3200 dólares, embora haja possíveis zonas de resistência ao longo do caminho. Além disso, os osciladores no gráfico diário permanecem em território negativo.