O mercado de ações dos EUA entrou em uma nova fase após o primeiro corte de juros do Federal Reserve neste ano. A decisão de reduzir a taxa dos federal funds em 25 pontos-base já era amplamente esperada e precificada pelos participantes do mercado — mas a forma como Jerome Powell enquadrou a medida gerou intenso debate.
O presidente do Fed descreveu a decisão como um corte de "gestão de risco", destacando que o banco central não tem um caminho livre de riscos. Em outras palavras, a taxa foi reduzida não por pânico ou deterioração brusca das condições econômicas, mas como passo preventivo para equilibrar os riscos de desaceleração e preservar a estabilidade do mercado de trabalho.
Os investidores interpretaram isso como um sinal de que o Fed está entrando em uma fase de "pouso suave", na qual os juros cairão gradualmente, sem afrouxamento agressivo. A instituição também indicou a possibilidade de mais dois cortes em 2025, um de 50 pontos-base e outro de 25 pontos-base em 2026.
Essa mudança fez com que o mercado tivesse uma nova direção: agora, o foco dos investidores está menos na inflação — considerada sob controle — e mais nas perspectivas para o emprego. Esse deslocamento tende a beneficiar as ações de crescimento, especialmente as big techs, para as quais o custo do capital é um fator crítico.
Impulso corporativo aquece os mercados
No pré-mercado, a Nvidia subiu mais de 3%, mantendo o rali como uma das maiores beneficiárias do boom da inteligência artificial. Ainda mais impressionante foi a disparada da Intel, com ações avançando quase 29% após a notícia de que a Nvidia investirá US$ 5 bilhões em uma participação minoritária na companhia.
Esse movimento mudou de forma significativa a percepção do mercado sobre a Intel como um player viável no futuro da IA. Se a líder do setor está comprando, isso sinaliza confiança — e possivelmente o início de uma aliança estratégica de longo prazo. Como resultado, o setor de semicondutores tornou-se a principal fonte de otimismo e o motor dos ganhos nos futuros do Nasdaq.
Perspectiva técnica
S&P 500: Pela primeira vez na história, o índice rompeu acima de 6.600 e manteve os ganhos em torno de 6.630 no pré-mercado. Tecnicamente, isso confirma a força da tendência de alta — as últimas semanas de consolidação se resolveram para cima, transformando o nível de 6.600 em um suporte-chave.
Se o índice permanecer acima dessa zona, o próximo alvo está na região de 6.700–6.720, onde se concentram as extremidades das projeções de Fibonacci. Em caso de recuo, a primeira linha de defesa altista está em 6.540–6.550, com risco de correção mais profunda em direção a 6.480.
O Nasdaq 100 negocia próximo de 24.440, mostrando força. A decisão do Fed ajudou o índice a se recuperar da correção da semana passada e a se manter próximo do limite superior do seu canal de alta. A resistência-chave agora é o nível psicológico de 24.500 — um rompimento acima dessa marca pode abrir caminho para 24.750–24.800.
No lado negativo, o suporte está em 24.000, que já resistiu a vários testes de baixa nos últimos dias. A manutenção dessa linha sinalizaria a continuidade da tendência de alta e potencial para novos recordes históricos.
Conclusão
O quadro técnico confirma o otimismo fundamental: o corte de juros do Fed, aliado a desenvolvimentos corporativos positivos, devolveu aos mercados o modo de compra. No entanto, o cenário segue seletivo e exigente — investidores agora buscam confirmação da sustentabilidade da tendência por meio dos próximos dados macroeconômicos e dos resultados das grandes empresas.
Por ora, o momentum favorece os compradores, e os índices parecem prontos para estabelecer novos recordes históricos.