O ouro disparou a um novo recorde histórico, estendendo o rali de segunda-feira, à medida que a iminente paralisação do governo dos EUA ofusca as expectativas sobre a política monetária do Federal Reserve antes da decisão da próxima reunião sobre juros.
Investidores, em busca de proteção contra turbulências geopolíticas e possível instabilidade econômica, estão recorrendo cada vez mais ao ouro — tradicionalmente considerado um "porto seguro". A valorização do metal também é impulsionada pelo enfraquecimento do dólar americano, tornando-o mais atrativo para detentores de outras moedas. A incerteza econômica associada a uma potencial paralisação do governo leva analistas a revisarem suas projeções sobre os próximos movimentos do Federal Reserve. Caso o shutdown ocorra, é esperado um desaquecimento do crescimento econômico, pressionando ainda mais o dólar e elevando a demanda por ouro.
Na segunda-feira, o ouro avançou 0,9%, alcançando um novo recorde histórico de US$ 3.867,25 por onça, superando o pico da sessão anterior, quando o metal havia subido 2%. A reunião entre os principais líderes do Congresso e o presidente Donald Trump terminou sem acordo sobre o financiamento temporário do governo, intensificando os receios de uma interrupção econômica que poderia atrasar a divulgação de dados cruciais para avaliar a saúde da economia americana.
Neste ano, o ouro acumula alta de 47% — seu maior ganho anual desde 1979 — estabelecendo uma série de recordes impulsionados pela forte demanda de bancos centrais e pelo retorno do Fed à política de cortes de juros. Grandes instituições financeiras, como Goldman Sachs e Deutsche Bank, projetam que o rali deve continuar.
Além disso, os títulos do Tesouro dos EUA também registraram valorização, enquanto o dólar recuou, em parte devido ao temor de uma paralisação governamental. A queda nos rendimentos dos Treasuries tende a favorecer metais preciosos, que não pagam juros, enquanto a desvalorização do dólar torna o ouro cotado em dólares mais acessível para compradores globais.
Entre os demais metais preciosos, a prata e a platina fizeram uma pausa após atingirem máximas de vários anos na sessão anterior. Desde o início do ano, a prata e a platina acumulam ganhos de cerca de 63% e 76%, respectivamente. O rali tem sido sustentado por uma tensão de mercado persistente, com déficits de oferta atingindo níveis recordes nos últimos anos.
No cenário técnico do ouro, os compradores precisam superar a resistência imediata em US$ 3.906. Ultrapassá-la abriria espaço para o próximo alvo em US$ 3.954, acima do qual um avanço pode encontrar maior dificuldade. O objetivo de alta mais distante está em US$ 4.008.
Em caso de recuo, os vendedores (ursos) tentarão retomar o controle no suporte de US$ 3.849. Se essa faixa for rompida, o ouro poderá recuar para US$ 3.802, com possível extensão até US$ 3.756, representando um desafio significativo para os compradores (touros).