O S&P 500 está em território de bolha? Ou o mercado de ações dos Estados Unidos é simplesmente tão forte que a única estratégia viável é comprar em cada correção? A maioria dos investidores apoia firmemente essa segunda visão, suas compras persistentes estão levando o S&P 500 ao 33º recorde do ano.
Ignorando o barulho em torno dos temores de uma paralisação do governo, dois grandes temas continuam dominando: a inteligência artificial e o afrouxamento monetário promovido pelo Federal Reserve.
Já se passaram seis meses desde que o S&P 500 atingiu seu ponto mais baixo e iniciou uma escalada constante. Nesse período, o índice acumula alta de 35%, um feito que só ocorreu cinco vezes desde 1950. Historicamente, quando o índice registra um recorde em setembro, ele tende a subir, em média, 4,8% no quarto trimestre. Os investidores estão apostando tudo na repetição desse padrão histórico e demonstram uma persistência quase maníaca em "comprar na baixa".
O medo de ficar de fora (FOMO, fear of missing out) é tão forte no mercado acionário americano que poucos parecem notar seu desempenho relativamente inferior em comparação com os mercados emergentes ou as bolsas asiáticas. As ações europeias chegaram a se destacar na primeira metade do ano, mas, no fim das contas, a América do Norte voltou a assumir a liderança no longo prazo.
Dinâmica dos Índices de Ações Globais
Independentemente dos comentários de que os preços das ações podem estar "caras demais" ou da necessidade de diversificar investimentos para ativos fora dos EUA, poucos investidores estão dispostos a abandonar o mercado mais profundo e líquido do mundo. Eles reconhecem a importância do tema da inteligência artificial e permanecem investidos enquanto aguardam a concretização de lucros reais. Um exemplo é a Oracle: mesmo com lucros modestos, suas ações não provocaram uma queda significativa no S&P 500. Pelo contrário, subiram depois que a NVIDIA comentou que a concorrente da Oracle no setor de IA poderia gerar receitas expressivas em um futuro próximo.
Apesar dessa trajetória constante de alta, o S&P 500 não registrou um movimento diário superior a 1% — tanto de alta quanto de baixa — por 31 sessões consecutivas. Trata-se do maior período desse tipo desde a pandemia de COVID-19. Essa alta de baixa volatilidade reflete um mercado em que a incerteza em torno da tecnologia de IA, o prolongado shutdown do governo dos EUA e a ausência de novos dados econômicos tornam eventos como os discursos do Fed ou a divulgação das atas do FOMC ainda mais relevantes.
Na reunião mais recente, os membros do Federal Reserve reafirmaram a disposição de continuar cortando as taxas de juros em resposta aos crescentes riscos no mercado de trabalho. Alguns acreditam que o shutdown pode forçar o Fed a "voar às cegas" — reduzindo os juros sem contar com dados fundamentais e atualizados. Evidências históricas de shutdowns anteriores nos EUA indicam desaceleração do crescimento do PIB e aumento das perdas de empregos.
Na minha opinião, o mercado de ações dos EUA continuará sua trajetória ascendente, encontrando novos catalisadores de alta ao longo do caminho. Isso poderia incluir uma resolução para a paralisação, um corte iminente nas taxas do Fed ou efeitos positivos decorrentes da ampla reforma tributária de Donald Trump.
Quadro técnico
Tecnicamente, no gráfico diário do S&P 500, a recuperação segue em direção às metas previamente estabelecidas em 6.800 e 6.920. Permanece válido manter-se no campo dos compradores, já que a tendência continua intacta. Até que surjam sinais claros de esgotamento, qualquer retração deve ser vista como uma oportunidade de compra, reforçando a força de um dos mercados em alta mais resilientes do mundo.
