O par USD/CAD tem sido negociado dentro de uma tendência ascendente claramente definida por cinco semanas consecutivas. Os principais fatores incluem a postura dovish do Banco do Canadá, a fraqueza do mercado petrolífero, a desaceleração da inflação e um panorama misto do mercado de trabalho no Canadá.
O início do atual impulso de alta do par pode ser atribuído à reunião de setembro do Banco do Canadá, na qual o banco central reduziu a taxa de juros em 25 pontos-base. Os formuladores de política monetária expressaram preocupação com a desaceleração da economia: o PIB caiu 1,6% em termos anuais (vs. projeção de contração de 0,6%). Este é o pior resultado em quatro anos, desde o segundo trimestre de 2021, quando a economia canadense encolheu 3,2%. Diversos indicadores macroeconômicos apresentaram dinâmica negativa. Por exemplo, as exportações caíram 7,5%, a queda mais acentuada em cinco anos, enquanto o investimento empresarial recuou 0,6%, o pior resultado desde 2020. A produção também diminuiu em vários setores de bens manufaturados.
Os dados do mercado de trabalho traçam um quadro contraditório. Um relatório divulgado há duas semanas pareceu forte, mas o presidente do Banco do Canadá, Tiff Macklem, ainda classificou o mercado de trabalho como "fraco". Segundo os dados, o número de empregos aumentou em 60.000 em setembro, com a taxa de desemprego permanecendo estável em 7,1% (vs. expectativa de alta para 7,2%). É importante notar que o crescimento do emprego foi impulsionado inteiramente por vagas em tempo integral, enquanto os empregos de meio período caíram em 45.000.
Macklem explicou que o aumento de setembro compensou apenas parcialmente as perdas acumuladas de mais de 100.000 empregos nos dois meses anteriores. Ele também destacou que a taxa de desemprego subiu de 6,6% no início do ano para 7,1%, e alertou para tendências negativas emergentes — por exemplo, candidatos com ensino superior (bacharelado ou acima) estão enfrentando dificuldades, com cerca de cinco desempregados para cada vaga disponível.
Em outras palavras, apesar de um relatório aparentemente sólido em setembro, o mercado de trabalho não deu suporte ao dólar canadense (o loonie). Os comentários pessimistas de Macklem alimentaram especulações de que o banco central possa cortar novamente os juros na próxima reunião, marcada para 29 de outubro.
O único elemento ainda em falta é a inflação. O último relatório do IPC (agosto) veio mais fraco do que o esperado, com a inflação mensal entrando em território negativo pela primeira vez desde abril (-0,1% m/m vs. previsão de +0,2%). Na comparação anual, o IPC subiu 1,9% (vs. 2,0% projetado).
Na terça-feira, 21 de outubro, serão divulgados os dados do IPC de setembro. De acordo com as previsões preliminares, o índice deve permanecer negativo em -0,1% m/m, e em termos anuais, recuar para 1,7%, retornando aos níveis de julho. O núcleo do IPC (core CPI) provavelmente se manterá estável na comparação mensal, assim como em agosto, e desacelerará para 2,5% a/a, após dois meses consecutivos em 2,6%.
Se o relatório confirmar as previsões — ou vier abaixo do esperado, entrando na chamada "zona vermelha" — o dólar canadense provavelmente enfrentará maior pressão, diante do aumento das expectativas dovish.
Segundo economistas do RBC (Royal Bank of Canada), o Banco do Canadá pode cortar os juros novamente em dezembro, somando redução total de 50 pontos-base até o fim do ano. Já a Capital Economics projeta apenas um corte de 25 pontos-base em uma das duas reuniões restantes.
No geral, não há consenso no mercado sobre o ritmo com que o Banco do Canadá pretende flexibilizar sua política monetária. A incerteza permanece elevada, o que significa que o relatório pode gerar volatilidade significativa no par USD/CAD, especialmente se os números decepcionarem. Nesse caso, a tendência de alta pode retomar força renovada.
Do ponto de vista técnico, o par permanece dentro de uma tendência de alta bem definida. No gráfico diário, o preço está situado entre as bandas média e superior do Bollinger Bands, e acima de todas as linhas do Ichimoku, que gerou um sinal altista conhecido como "Desfile de Linhas" (Parade of Lines). Todos esses sinais indicam preferência por posições compradas.
O primeiro — e, até o momento, único — alvo do movimento de alta é 1,4090, que corresponde à banda superior das Bandas de Bollinger no gráfico diário (D1).