Os compradores absorveram completamente a correção moderada de quinta-feira, revertendo o movimento de recuo anterior e retomando a tendência de alta.
A persistente incerteza em torno do comércio global, o aumento dos riscos geopolíticos e a preocupação com a prolongada paralisação do governo dos EUA — que pode afetar a divulgação de indicadores econômicos importantes — continuam oferecendo suporte altista ao ouro. Além disso, os participantes do mercado já precificaram integralmente dois cortes de juros pelo Federal Reserve ainda este ano, o que limitou a capacidade do dólar norte-americano de se beneficiar dos ganhos modestos registrados na sexta-feira. Somado a isso, preocupações fiscais globais, compras de ouro por bancos centrais e fortes fluxos para ETFs lastreados em ouro seguem sustentando a valorização do metal.
Na sexta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, tentou amenizar os temores de uma guerra comercial total com a China, o que limitou temporariamente a alta do ouro e provocou alguma realização de lucros antes do fim de semana. No entanto, a correção foi superficial e sem continuidade.
Os investidores permanecem cautelosos diante dos riscos econômicos mais amplos, impulsionados pela intensificação das tensões geopolíticas e pela paralisação prolongada do governo federal. Também ganham relevância as preocupações com a disciplina fiscal e o rápido crescimento da dívida nacional, especialmente nos Estados Unidos — fatores que continuam a impulsionar a demanda por ouro como instrumento de hedge contra riscos.
As tensões geopolíticas se intensificaram ainda mais com o ataque de drones ucranianos a uma usina de processamento de gás da Gazprom no sul da Rússia, além de outra ofensiva contra uma refinaria de petróleo na região de Samara, próxima a Orenburg. Esses desdobramentos aumentam o risco de nova escalada no conflito entre Rússia e Ucrânia.
No cenário doméstico, a situação política dos EUA também permanece tensa. A paralisação do governo federal entrou na terceira semana, com republicanos e democratas em impasse sobre o financiamento da saúde pública.
De acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group, os mercados agora precificam dois cortes consecutivos de 25 pontos-base nas reuniões do Federal Reserve em outubro e dezembro. Essas expectativas limitam a recuperação do dólar americano e fornecem suporte adicional ao ouro.
Diante da proximidade da próxima reunião do FOMC e da divulgação dos dados de inflação dos EUA na sexta-feira, pode ser prudente evitar a abertura de novas posições no curto prazo.
Perspectiva técnica
Do ponto de vista técnico, o par XAU/USD mostrou resiliência abaixo do nível de US$ 4.240. No entanto, a recuperação encontrou resistência próxima à máxima histórica, em torno de US$ 4.380. No lado negativo, o suporte inicial é observado próximo à mínima da sessão asiática, entre US$ 4.219 e US$ 4.218, seguido pelo suporte psicológico importante em US$ 4.200 e pela mínima de sexta-feira, situada em torno de US$ 4.186.
Uma quebra sustentada abaixo da área de US$ 4.140 aumentaria o risco de uma queda mais acentuada, expondo o par a uma movimentação potencial em direção à zona de suporte crítica em torno de US$ 4.100. Abaixo desse nível, o ouro poderá entrar em uma fase de correção mais profunda.