O mercado de ações encontrou novos motivos para otimismo, impulsionado por lucros corporativos sólidos, acordos de fusão e aquisição, pela redução das tensões comerciais e pelas expectativas de um corte na taxa dos fundos federais. Após um breve período de consolidação, o S&P 500 retomou a sequência de recordes diários e agora se aproxima do nível previamente projetado de 6.920.
Cerca de 86% das empresas que divulgaram resultados superaram as previsões de lucro, enquanto 69% ultrapassaram as expectativas de receita — o percentual mais alto desde 2021. A diferença entre os dados efetivos e as estimativas chegou a 2,4%, bem acima da média histórica de 0,5%. Os resultados financeiros das corporações americanas demonstram resiliência diante das tarifas, uma vez que têm conseguido mitigar os efeitos negativos das taxas de importação por meio de aumentos de preços e/ou reduções de custos.
Desempenho da receita real superando as projeções
No entanto, à medida que o S&P 500 avança, crescem as preocupações com uma possível desaceleração. Os ursos alertam que, quando as empresas não atingem as previsões dos analistas de Wall Street, suas ações tendem a cair, em média, 5,5%. Se algo semelhante ocorrer com gigantes de tecnologia como Amazon, Meta, Apple ou Microsoft, isso poderá pressionar todo o índice amplo do mercado para baixo.
As duas últimas companhias estão atualmente disputando a posição de segunda maior empresa do mundo em valor de mercado, atrás apenas da NVIDIA, cuja capitalização ultrapassa US$ 4 trilhões. A Microsoft chegou a superar brevemente esse patamar no início do ano, mas ainda não conseguiu recuperar essa marca. Muitos investidores permanecem atentos, aguardando uma nova valorização que possa recolocar a empresa nesse nível histórico.
Dinâmicas de desempenho de investimento para as ações da Apple e da Microsoft.
O principal motor do rali do S&P 500 tem sido a redução das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que as negociações recentes resultaram em uma estrutura "muito bem-sucedida", levando a um consenso preliminar entre as partes. Historicamente, o índice amplo tende a apresentar desempenho positivo sempre que surgem sinais de melhora nas relações entre as duas maiores economias do mundo.
Em abril, o S&P 500 avançou 1,7% após notícias de que Washington poderia reduzir tarifas.
Em maio, ganhou 3,3% após um acordo bem-sucedido em Genebra. Em setembro, o progresso nas negociações sobre o TikTok atuou como catalisador para um novo rali, e em outubro, as declarações de Donald Trump sobre a instabilidade das tarifas de importação voltaram a impulsionar os ganhos do mercado acionário.
Os riscos, sem dúvida, permanecem. A imprevisibilidade da Casa Branca, a retórica agressiva do Federal Reserve, uma possível desaceleração do crescimento econômico ou resultados corporativos decepcionantes podem desencadear uma correção no S&P 500. Ainda assim, enquanto os investidores continuarem a comprar nas quedas, o mercado de ações tem pouco a temer.
Do ponto de vista técnico, no gráfico diário do índice amplo de ações, o gap de alta na abertura do mercado aproximou o S&P 500 do nível-alvo previamenteprojetado de 6.920. A estratégia de formar posições longas em recuos continua eficaz. Vale a pena abandoná-la? Enquanto as cotações permanecerem acima da região de 6.800, o foco deve continuar voltado para as compras.
