Um dólar americano mais forte, criptomoedas mais fracas, sobrevalorização fundamental e atenção excessiva aos gigantes da tecnologia tornaram o S&P 500 vulnerável a correções. Quando um índice amplo como o S&P 500 registra 36 máximas históricas em 2025, permanece acima da média móvel de 50 dias desde abril e não sofre uma queda de 3% ou mais, a cautela torna-se justificada.
Um recuo pode ocorrer a qualquer momento, mesmo sem catalisadores aparentes. Nos últimos dez dias, o S&P 500 avançou 1,7%, enquanto as ações do grupo Magnificent Seven subiram 5,2%. Para o terceiro trimestre, espera-se que os lucros desses gigantes cresçam 27%, o dobro das estimativas médias dos analistas de Wall Street.
Não é surpreendente, portanto, que os investidores estejam correndo para comprar ações da NVIDIA e de outros titãs da tecnologia, ignorando os demais 493 componentes do índice. Contudo, se os gigantes tecnológicos estão aumentando os investimentos em inteligência artificial, esse crescimento pode ocultar os cortes de custos e a estagnação que vêm ocorrendo em outras empresas do mercado.
Dinâmica das Sete Magníficas e outras empresas do S&P 500
A temporada de lucros está chegando ao fim, e os investidores começam a direcionar o foco para outros motores do mercado, como tensões geopolíticas e o nível crescente da dívida nacional. Nesse contexto, o início das audiências da Suprema Corte sobre a legalidade das tarifas impostas por Donald Trump pode desencadear vendas no S&P 500.
Se as tarifas de importação forem abolidas, a Casa Branca precisará compensar a perda de receitas e tampar os déficits orçamentários, o que poderia resultar em uma desaceleração significativa do crescimento econômico dos EUA. No entanto, o veredicto não deve ser divulgado por várias semanas ou até meses, o que mantém os investidores atentos a outras preocupações imediatas — entre elas, as divisões dentro do Federal Reserve e as avaliações fundamentalmente elevadas.
Atualmente, o S&P 500 é negociado a 23 vezes os lucros esperados para os próximos 12 meses, enquanto o Nasdaq opera a 28 vezes. Os valores médios históricos para esses índices são 20 e 19, respectivamente. Além disso, o índice P/E ajustado pela inflação — ou P/E de Shiller — subiu pela segunda vez na história para o nível de 40. Esses números reforçam a percepção de que as ações estão sobrevalorizadas, e que o mercado pode precisar de uma correção para restaurar o equilíbrio entre preço e valor.
Dinâmica do índice P/E de Shiller
O principal argumento dos que se opõem às avaliações fundamentais inflacionadas é que as empresas continuarão a lucrar mais do que no passado. No entanto, no contexto de impostos historicamente baixos e de uma participação decrescente da mão de obra no PIB, essa abordagem faz pouco sentido. Tendo como pano de fundo um enorme déficit orçamentário e o envelhecimento da população, esses processos podem mudar significativamente.
A questão fundamental no futuro próximo será se os investidores estão prontos para comprar na baixa do índice bolsista geral ou se permitirão que ele sofra uma correção profunda.
Tecnicamente, no gráfico diário, o S&P 500 está mostrando um padrão de reversão 1-2-3. Uma recuperação dos níveis de suporte na forma do pivô de 6.770 e do valor justo de 6.740 permitiria um retorno às compras. Uma quebra desses níveis forneceria uma base para a formação de posições de venda de curto prazo.
