A próxima semana promete ser informativa e, consequentemente, volátil. Com o fim da paralisação, o Bureau of Labor Statistics (BLS) dos EUA poderá voltar a publicar estatísticas macroeconômicas oficiais à medida que os dados forem processados. Desde 1º de outubro, quando o governo americano entrou em suspensão, o BLS divulgou apenas um relatório — o CPI de setembro. Agora, o mercado aguarda ansiosamente a publicação dos demais indicadores de inflação (PPI, PCE) e, claro, os dados de emprego — o relatório das Folhas de pagamentos não-agrícolas. Todos os outros fatores fundamentais devem permanecer em segundo plano.

Atualmente, o relatório de empregos não agrícolas (NFP) de setembro, inicialmente previsto para 3 de outubro, será publicado na quinta-feira, 20 de novembro. As previsões preliminares indicam que a taxa de desemprego de setembro deve permanecer no nível de agosto (4,3%), enquanto o emprego no setor não agrícola deve aumentar em 50.000 vagas. A taxa de crescimento dos ganhos médios por hora também deve permanecer no nível de agosto, em 3,7%.
No dia seguinte, 21 de novembro, o BLS divulgará o relatório de ganhos reais de setembro, que originalmente seria publicado em 15 de outubro.
A data de divulgação do núcleo do PCE de setembro ainda é incerta. Representantes do BEA afirmaram na sexta-feira que estão "trabalhando na atualização do cronograma de divulgação de dados econômicos". Resta saber quando o órgão publicará um dos principais indicadores de inflação.
Também seguem indefinidos o relatório de empregos não agrícolas de outubro e os dados de crescimento do CPI/PPI referentes a outubro. Segundo a secretária de imprensa da Casa Branca, Caroline Levitt, os relatórios de emprego e inflação de outubro "podem nunca ser publicados", em decorrência dos efeitos da paralisação.
Nos próximos dias — provavelmente na primeira metade da próxima semana — representantes do BLS deverão esclarecer quais dados serão efetivamente publicados e quais serão descartados.
Entre todos os lançamentos pendentes, o relatório de empregos não agrícolas (Non-Farms) é o mais significativo. Se o relatório vier mais fraco que o esperado, o mercado voltará a discutir a possibilidade de um corte na taxa do Fed na reunião de dezembro. Esse cenário parece plausível, especialmente após o decepcionante relatório ADP de setembro, que mostrou uma queda de 29.000 empregos — um sinal preocupante, ainda que os relatórios da ADP e do NFP nem sempre apresentem correlação direta. Além disso, os dados de agências de emprego reforçam um quadro desfavorável: o relatório da Challenger, Gray & Christmas mostrou que empresas americanas cortaram 153.000 vagas em outubro.
Em outras palavras, o mercado já está "mentalmente preparado" para um resultado fraco. Assim, se os principais componentes do relatório vierem em linha com as previsões, o dólar poderá se fortalecer, mesmo que os números reflitam um arrefecimento adicional no mercado de trabalho.
Por outro lado, se os Non-Farms desapontarem (por exemplo, mostrando criação de menos de 50.000 vagas), o mercado começará a precificar um possível corte de juros até o fim do ano, o que pressionaria novamente o dólar.
Todos os outros relatórios macroeconômicos têm importância secundária no momento. Mesmo a ata do FOMC, a ser divulgada na quarta-feira (19 de novembro), deve permanecer ofuscada pelo NFP. Desde a reunião de outubro, diversas informações novas já surgiram, reduzindo a relevância do documento.
A geopolítica também pode desempenhar um papel relevante, dado o aumento das tensões entre China e Japão. Na semana passada, a primeira-ministra japonesa, Satsuki Takaito, afirmou que o uso de força militar pela China contra Taiwan poderia ser interpretado pelo Japão como uma "situação que ameaça a sobrevivência do país" — classificação que, formalmente, daria base legal para intervenção. Pequim reagiu duramente: o Ministério das Relações Exteriores da China convocou o embaixador japonês, exigindo a "retratação das declarações ultrajantes". O Ministério da Defesa chinês, por sua vez, ameaçou o Japão com "destruição militar" em caso de interferência nos assuntos de Taiwan.
Hoje, quatro navios armados da guarda costeira chinesa entraram nas águas territoriais japonesas e navegaram ao redor das Ilhas Senkaku (ou Diaoyu, na nomenclatura chinesa).
Se a escalada continuar, o sentimento de aversão ao risco aumentará, impulsionando a demanda pelo dólar como ativo de refúgio, independentemente dos dados macroeconômicos.
Assim, a próxima semana será crucial para o dólar. O cenário pode se inclinar para uma postura mais dovish ou, ao contrário, para a manutenção da política atual. A direção do dólar e do par EUR/USD dependerá de qual narrativa dominar o mercado. No momento, a incerteza prevalece, intensificada pelas tensões entre Japão e China.
Do ponto de vista técnico, o EUR/USD está situado entre as linhas média e superior das Bandas de Bollinger, acima das linhas Tenkan-sen e Kijun-sen, mas abaixo da nuvem Kumo. Os compradores ainda não conseguiram se consolidar acima da borda inferior da nuvem, na região de 1,1650, um nível de resistência que continua a limitar o avanço dos touros. Como resultado, o par encerrou a sexta-feira em 1,1620. Posições de compra devem ser consideradas apenas após a quebra dessa barreira; nesse cenário, o próximo alvo seria 1,1700, correspondente à borda superior da nuvem Kumo no gráfico diário. No entanto, devido à proximidade do relatório do NFP, é provável que os traders permaneçam cautelosos, mantendo o EUR/USD dentro da faixa de 1,1580 a 1,1660 — intervalo no qual o par vem operando ao longo da última semana.