A economia da China está mais uma vez em turbulência, enfrentando uma saída maciça de capital. Mas os especialistas garantem que a situação melhorará no próximo ano.
No último mês do outono, a China testemunhou a maior saída de capital de seus mercados financeiros já registrada na história. Isso se deveu às preocupações dos investidores com os possíveis aumentos de tarifas do governo do presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
Impulsionados pela incerteza, muitos bancos chineses transferiram um montante líquido de US$ 45,7 bilhões em fundos para o exterior em nome de seus clientes para investimento em títulos. De acordo com relatórios da Administração Estatal de Câmbio da China, esse valor incluiu investimentos estrangeiros na China, bem como compras de títulos no exterior por residentes locais.
As crescentes saídas de capital da China sinalizam um clima de investimento em deterioração. A promessa do presidente eleito Trump de impor uma tarifa de 60% sobre os produtos chineses está colocando mais lenha na fogueira. Como resultado, as relações comerciais mutuamente benéficas entre Washington e Pequim podem se deteriorar sob pressão. A fraqueza do yuan e das ações chinesas, juntamente com os significativos diferenciais de taxa de juros entre a China e os EUA, aumenta o risco de um ciclo vicioso de fuga de capital.
Ken Cheung, estrategista sênior de câmbio asiático do Mizuho Bank, afirmou que se espera que as ameaças tarifárias dos EUA e os fatores diferenciais da taxa de juros alimentem a pressão de saída da China.
Desde outubro de 2024, as ações chinesas estão em uma trajetória de queda, já que as medidas de estímulo introduzidas pelas autoridades chinesas não conseguiram atender às expectativas do mercado. Atualmente, o rendimento dos títulos públicos chineses de referência é menos da metade do rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA.
No entanto, as autoridades chinesas estão determinadas a reanimar a economia nacional e a mudar o sentimento dos investidores para redirecionar o capital de volta aos ativos domésticos. Em uma importante reunião de políticas na semana passada, o governo aprovou o aumento dos empréstimos e gastos governamentais para 2025.Ele também expressou a necessidade de ajustar a sua política em direção ao crescimento impulsionado pelo consumo para estimular a economia. No próximo ano, as autoridades chinesas planejam manter uma política monetária moderadamente frouxa, o que pode significar mais cortes nas taxas de juros.
De acordo com dados da ChinaBond, as instituições estrangeiras reduziram suas participações em títulos do governo chinês para 2,08 trilhões de yuans (US$ 285,5 bilhões) em novembro, marcando o nível mais baixo desde setembro de 2023.
A Bloomberg estima que, no último mês do outono, os investidores da China continental compraram HK$ 125 bilhões (US$ 16 bilhões) em títulos listados em Hong Kong.Esse é o nível mais alto dos últimos três anos.
