À medida que a guerra comercial entre Estados Unidos e China se intensifica, Pequim retoma com vigor renovado sua estratégia de promover o yuan digital. Esse movimento, que está longe de representar um avanço pacífico, reflete a crescente pressão das novas tarifas impostas por Washington. Apesar do discurso oficial chinês ainda defender uma convivência harmoniosa entre as potências, a escalada das tensões tem exigido um reposicionamento estratégico por parte de Pequim.
Nesse cenário conturbado, o yuan atingiu os menores níveis em vários anos frente ao dólar americano — um sintoma claro da pressão cambial e dos desafios econômicos enfrentados pela China.
Como resposta, o Banco Popular da China (PBOC) intensificou suas intervenções monetárias para tentar estabilizar a moeda nacional, incluindo sua versão digital. Paralelamente às medidas no mercado, o banco central reforçou sua campanha positiva na mídia estatal, promovendo o uso do e-CNY como símbolo de soberania e inovação financeira.
Segundo dados oficiais do PBOC, até 11 de março de 2025, o número de carteiras digitais ativas ultrapassou 800 milhões — mais do que o quadruplo dos 180 milhões registrados anteriormente. Já o volume acumulado de transações com o yuan digital saltou 45%, passando de 7 trilhões para 10,2 trilhões de e-CNY. A maioria dessas carteiras está vinculada aos documentos de identidade digitais dos cidadãos chineses.
Além da rápida expansão no uso, o Banco Popular da China segue ampliando as funcionalidades de sua moeda digital oficial. As atualizações mais recentes incluíram pagamentos via QR Code e a possibilidade de realizar transações offline — medidas que integram uma estratégia mais ampla de digitalização da economia, em meio a um cenário geopolítico cada vez mais desafiador.