Líderes europeus demonstram interesse em pôr um freio na guerra tarifária. A partir de 14 de abril, a União Europeia suspendeu oficialmente suas medidas de retaliação contra as importações norte-americanas — uma trégua temporária que deve durar até 14 de julho de 2025, conforme confirmado pela Comissão Europeia.
Esse gesto visa abrir espaço para um novo ciclo de negociações entre Bruxelas e Washington. Caso não haja avanços concretos, especialmente no que diz respeito à redução mútua das tarifas, o bloco europeu poderá retomar as sanções, visando bens norte-americanos no valor de até €21 bilhões. A Comissão enfatizou a importância de manter a flexibilidade e o espaço para o diálogo, ressaltando que a prioridade é encontrar um caminho comum.
A origem das tensões remonta à decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de aumentar drasticamente as tarifas de importação, impondo uma alíquota base de 10% para produtos vindos de 185 países. Para os membros da UE, no entanto, essa tarifa chegou a 20%, refletindo o agravamento da postura protecionista americana, inclusive em relação a aliados estratégicos.
Posteriormente, Trump anunciou uma suspensão de 90 dias nas tarifas para mercadorias provenientes de 75 países — a maioria deles europeus. A Casa Branca justificou a medida como uma resposta ao crescente pânico nos mercados, causado pela postura comercial mais agressiva dos EUA. O presidente também sinalizou que poderia reduzir as tarifas de forma permanente, desde que os países afetados fizessem concessões, especialmente nos setores mais impactados.
De acordo com documentos internos da Comissão Europeia, obtidos pelo Politico, um possível retorno das medidas retaliatórias será estrategicamente calibrado para atingir produtos exportados por estados americanos tradicionalmente republicanos, onde está concentrada a base eleitoral de Trump. A lista incluiria soja, carne, tabaco, ferro, aço e alumínio.
Especialistas alertam que uma escalada nas tensões pode ter consequências severas para o comércio global. Uma guerra comercial em larga escala entre os EUA e a UE poderia provocar uma queda de até 7% no PIB mundial, apontam analistas.