Os mercados estão intrigados com a mudança repentina de estratégia da OPEC+, que decidiu acelerar sua produção de petróleo. A medida levantou muitas suspeitas — não apenas como um alerta para os países que ultrapassaram suas cotas, mas principalmente como uma tentativa de recuperar participação de mercado dos produtores norte-americanos.
De acordo com a Reuters, a verdadeira motivação por trás dessa guinada estratégica seria justamente essa: desafiar diretamente as petrolíferas dos Estados Unidos, forçando-as a repensar seu posicionamento competitivo.
A última vez que a Arábia Saudita tentou conter a produção de petróleo de xisto dos EUA foi há quase uma década, mas a tentativa terminou em frustração. Na época, os produtores norte-americanos levaram vantagem, com avanços tecnológicos significativos em perfuração e uma forte redução nos custos operacionais.
Hoje, no entanto, o cenário é bem diferente. As empresas de energia dos EUA estão mais vulneráveis do que há dez anos, enquanto a Arábia Saudita segue com uma vantagem importante: custos de produção muito mais baixos. Isso coloca o reino saudita em uma posição estratégica para tentar recuperar o espaço perdido no mercado global.
Embora os analistas ainda considerem cedo para falar em uma “guerra de preços” declarada, o principal objetivo de Riad parece ser manter a incerteza no mercado internacional de petróleo. Especialistas acreditam que a faixa de preço desejada pela OPEC+ está entre US$ 55 e US$ 60 por barril — um nível considerado insustentável para muitos produtores norte-americanos.
Nos últimos dez anos, a produção de petróleo nos EUA cresceu mais de 60%, enquanto os países da OPEC reduziram discretamente a sua. Agora, os campos de perfuração mais produtivos dos EUA começam a dar sinais de esgotamento, e os custos operacionais seguem em alta, segundo analistas.
Executivos das principais empresas de energia dos EUA afirmam que precisam que o preço do barril permaneça acima de US$ 65 para manterem a rentabilidade. Com os preços atuais, muitas já enfrentam pressões financeiras. A ConocoPhillips estima que, se os preços caírem para US$ 50, a maior parte das empresas — inclusive as gigantes do setor — será obrigada a reduzir a produção.
