A indústria de manufatura do Japão — incluindo montadoras — atravessa um período turbulento. Segundo o Financial Times (FT), as maiores corporações do país, como Toyota, Sony e Mizuho, podem perder até US$ 27,6 bilhões por ano em lucros corporativos devido às novas tarifas impostas pelos Estados Unidos. Diante disso, os gigantes japoneses se preparam para tempos difíceis.
Executivos dessas empresas descrevem as tarifas, implementadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, como uma “bomba-relógio”. Eles admitem que as medidas podem cortar dezenas de bilhões de dólares dos lucros anuais. Em um cenário de recessão nos EUA, o impacto sobre as companhias japonesas seria ainda mais severo. As estimativas apontam prejuízos totais de até ¥4 trilhões (US$ 27,6 bilhões) — valor que pode crescer caso a situação se deteriore.
O montante citado pelo FT foi calculado com base nos impactos projetados para as 100 maiores empresas japonesas listadas em bolsa, incluindo montadoras e conglomerados industriais.
O setor mais exposto é o automotivo. Com a imposição de tarifas de 25% sobre veículos importados, os fabricantes japoneses enfrentam forte pressão. Em 2023, o Japão exportou 1,5 milhão de veículos para os Estados Unidos, totalizando mais de US$ 40 bilhões em valor.
O CEO da Honda, Toshihiro Mibe, alertou para a gravidade da situação. A empresa estima custos adicionais de ¥650 bilhões (US$ 4,5 bilhões) e, como consequência, reduziu seus planos de investimento até 2030 em ¥3 trilhões (US$ 20 bilhões), ajustando o total previsto para ¥7 trilhões.
Enquanto isso, a arrecadação alfandegária dos EUA disparou. Em abril de 2025, a receita com tarifas aumentou 91%, alcançando US$ 15,63 bilhões, em comparação aos US$ 8,17 bilhões registrados em março — um salto de US$ 7,46 bilhões em apenas um mês, impulsionado pela entrada em vigor das novas tarifas aprovadas por Trump.