O mercado está em alta, e algo no cenário atual lembra 1999 — pelo menos, essa é a visão de Ed Yardeni, fundador e presidente da Yardeni Research. Ele compara a arrancada de hoje à lendária escalada da bolha das pontocom, quando as ações dispararam até que uma aterrissagem forçada interrompeu abruptamente a festa.
Em uma nota recente, Yardeni questionou se o mercado acionário estaria retornando à mesma “exuberância irracional” que inflou a bolha no fim dos anos 1990. Sua própria resposta foi “possivelmente”.
A dúvida surge em meio a ganhos impressionantes. Na semana passada, Dow, S&P 500, Nasdaq e até o pequeno Russell 2000 renovaram recordes históricos. A reação foi positiva ao corte de 25 pontos-base na taxa básica pelo Fed.
Yardeni, porém, destaca uma diferença crucial em relação a 1999: hoje, o crescimento é sustentado por lucros reais das empresas, e não apenas por sonhos dos investidores. Por exemplo, o lucro por ação esperado do S&P 500 atingiu US$ 294,91, perto da projeção consensual de US$ 304,88 para 2026. E não são só as gigantes: companhias de médio e pequeno porte também mostram força. Ainda assim, o S&P 100 segue puxando a dianteira, lembrando os últimos meses da década de 1990.
Mesmo assim, há motivos para cautela. Segundo a Yardeni Research, o P/L futuro do S&P 500 está em 22, não tão distante dos 25 registrados no pico da bolha pontocom. Um número atraente, talvez, mas que também preocupa.
Apesar do risco de sobrevalorização, Yardeni mantém otimismo. Sua projeção para o S&P 500 é de 7.700 pontos até o fim de 2026. Ele não descarta um cenário mais acelerado: se a política dovish do Fed continuar impulsionando, esse patamar pode ser alcançado antes, mesmo com correções pelo caminho.
Para ele, mesmo que haja uma queda, não será uma repetição do colapso dos anos 2000. “Se o mercado festejar como em 1999 por conta do afrouxamento monetário do Fed, poderemos chegar lá mais cedo, com um melt-up seguido de um meltdown”, disse. “Se isso acontecer, a ressaca não deve ser tão severa quanto a que seguiu a festa de 1999.”
No geral, o cenário-base de Yardeni é de crescimento constante. Ele chama o período atual de “Loucos Anos 2020”, traçando paralelos com os “Loucos Anos 1920”, e não descarta outra corrida histórica de alta. Desde a década de 1920, o S&P 500 mais que dobrou em um intervalo de dez anos apenas quatro vezes. Yardeni acredita que esta pode ser a quinta.
