O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou com orgulho que Japão e Coreia do Sul fariam grandes adiantamentos, US$ 550 bilhões de Tóquio e US$ 350 bilhões de Seul, para projetos norte-americanos. No total, quase um trilhão de dólares, apresentados como pagamentos pela redução de tarifas e pela amizade.
No entanto, a narrativa de que esses países teriam voluntariamente se oferecido para injetar tais valores se mostra frágil sob análise. As negociações com Seul entraram em impasse, e o governo sul-coreano declarou oficialmente que, sem garantias e acordos de swap cambial, assumir esse risco poderia provocar uma crise financeira.
Em Tóquio, há entusiasmo pela redução de tarifas e pela chance de ampliar exportações, mas chamar todos os aportes de adiantamentos é exagero. Os investimentos serão liberados em parcelas, sob rígido controle dos Estados Unidos, cabendo a Washington decidir quais projetos avançarão, enquanto as autoridades japonesas seguirão as orientações.
Os sul-coreanos defendem não aportes diretos, mas empréstimos e garantias em condições comerciais. O presidente Lee Jae-myung alertou que, sem proteção cambial, a economia do país pode não suportar a pressão de desembolsos tão volumosos.
Dessa forma, esse suposto adiantamento bilionário soa mais como uma encenação cuidadosamente ensaiada, com ares de thriller financeiro, em que os riscos são enormes e os termos reais permanecem envolvidos em manobras diplomáticas e pragmatismo.
Trump, por sua vez, empunha os números grandiosos e as reduções tarifárias como troféus, reforçando sua imagem de negociador habilidoso, capaz de extrair fortunas de aliados. No entanto, aqueles que deveriam pagar não parecem dispostos a seguir esse roteiro, afinal, trata-se de um jogo caro demais.