A economia dos Estados Unidos continua ganhando fôlego, intensificando as discussões nos mercados cambiais sobre o chamado “cenário Cachinhos Dourados” — aquele em que o crescimento é forte o suficiente para sustentar o apetite por risco, sem pressionar o desemprego ou a inflação.
Segundo o UBS, a confiança dos investidores em um “pouso suave” vem crescendo, à medida que o mercado de trabalho segue gerando vagas de forma estável e a Reserva Federal sinaliza uma abordagem gradual nos cortes de juros.
Os dados recentes dos EUA animaram os mercados: a volatilidade permanece contida e as projeções do Federal Reserve de Atlanta apontam para um crescimento anual de 3,4% na economia americana. Um corte mais acentuado nos juros é visto como um bônus bem-vindo, algo que o mercado já esperava, mas que agora dá aos investidores mais confiança para assumir posições mais agressivas.
Os índices acionários já refletem grande parte desse otimismo, com as ações de crescimento superando o desempenho do mercado ao longo do verão. Não é surpreendente que até os mercados de crédito europeus tentem acompanhar o ritmo. O UBS observa que os títulos europeus mantêm spreads mais estreitos que os norte-americanos, e espera que essa vantagem se prolongue até o quarto trimestre. Aparentemente, a divergência entre as políticas do BCE e do Fed tem favorecido o Velho Continente.
Ainda assim, o mercado de câmbio continua imprevisível. Se a economia dos EUA acelerar ainda mais, e o Fed optar por cortes mais agressivos, o BCE enfrentará um novo dilema: acompanhar os cortes para evitar um euro excessivamente forte ou manter a política atual e justificar aos exportadores o aumento repentino do preço de seus produtos no mercado global. Essa situação seria especialmente delicada para montadoras e empresas de energia, já pressionadas pela incerteza vinda da China.
Por enquanto, o sentimento geral permanece construtivo. Embora o ceticismo não tenha desaparecido completamente, o clima no setor financeiro segue positivo. Como sempre, continua o debate sobre quem sairá na frente — utilities ou montadoras — enquanto os traders buscam equilibrar prudência com oportunidades de lucro na próxima virada do cenário global.