A Organização Mundial do Comércio (OMC) soou o alarme: o comércio global deve enfrentar uma forte desaceleração após o entusiasmo do início de 2025. O culpado, já conhecido, é Donald Trump, cujas novas tarifas agressivas sobre importações dos EUA prometem transformar o desembaraço aduaneiro em uma espécie de sentença de morte para o comércio internacional.
Apesar de os mercados globais terem comemorado um avanço surpreendente de 2,4% nas trocas comerciais, bem acima da previsão inicial de 0,9%, analistas alertam que o bom momento pode ser passageiro. Para 2026, a OMC projeta que o crescimento do comércio cairá para apenas 0,5%, uma revisão drástica em relação à estimativa anterior de quase 2%. O motivo: as tarifas de Trump, que estão se infiltrando gradualmente nas cadeias globais de suprimentos, cujos efeitos completos devem se manifestar já no próximo ano.
Mesmo as economias desenvolvidas começam a emitir sinais de alerta: a indústria desacelera, a confiança de empresas e consumidores enfraquece, e o crescimento de salários e empregos perde força. Em resumo, o clima financeiro global está se tornando visivelmente mais sombrio.
O que sustentou o comércio mundial no primeiro semestre de 2025 foi o boom de produtos ligados à inteligência artificial. As exportações de semicondutores, servidores e equipamentos de telecomunicações dispararam 20%, injetando ânimo renovado no mercado. Em contrapartida, os setores não relacionados à IA cresceram apenas 4%. Curiosamente, os produtos de tecnologia vinculados à IA representaram menos de um décimo do volume total de comércio, mas responderam por quase metade da expansão global.
A OMC, porém, é categórica: 2026 será bem diferente. O ano deve marcar uma desaceleração global acentuada, acompanhada pelo impacto total das tarifas de Trump. Em outras palavras, enquanto o impulso da inteligência artificial pode perder força, o peso das barreiras comerciais só tende a aumentar.