O UBS publicou uma nota nesta semana que, nas entrelinhas, transmite uma sensação de leve perplexidade. Existe um setor em que os números são sólidos, mas que os investidores continuam tratando como obsoleto e irrelevante.
O foco é o setor americano de suprimentos e dispositivos médicos. Curiosamente, investidores de Wall Street o chamam de eterno candidato ao “compre mais tarde”.
Segundo o UBS, o setor de medtech apresentou desempenho estável em todos os aspectos no segundo trimestre de 2025: crescimento, receita, margens — tudo está em ordem. No entanto, o mercado parece desviar o olhar para outras histórias. “O setor de saúde continua pouco amado, e medtech está particularmente abaixo do esperado”, escreveram os analistas.
Em termos de mercado, isso significa: tudo está bem, mas ninguém está comprando. A participação do setor de saúde no índice S&P caiu para mínimos de vários anos. Investidores generalistas, os mesmos que negociavam petróleo e Tesla até ontem — estão realizando lucros e seguindo adiante. Alguns se voltam para a farmacêutica, outros para a tecnologia.
O UBS admite que não é possível prever com certeza o que poderia mudar o sentimento do mercado. Ainda assim, mantém uma postura otimista, vendo a rotação fora do medtech como uma oportunidade de compra, ressaltando que “os fundamentos do grupo permanecem saudáveis”.
Olhando para o terceiro trimestre, o UBS espera crescimento nos volumes de procedimentos e impactos positivos da inovação, apesar de desafios contínuos, como incerteza tarifária e os habituais problemas relacionados ao Medicaid.
O sentimento do mercado se deteriorou significativamente desde o segundo trimestre. Mesmo líderes do setor, como Boston Scientific (BSX) e Intuitive Surgical (ISRG), têm enfrentado pressão.
O UBS aponta para “preocupações excessivas sobre a sustentabilidade do crescimento” e lembra que a perspectiva para 2026 parece muito mais estável. Em outras palavras, não há motivo para pânico, o cenário de longo prazo continua viável.
No geral, o MedTech permanece aquele raro setor “saudável” que os investidores continuam evitando, simplesmente por hábito.
