A guerra comercial entre Estados Unidos e China atingiu um novo nível de tensão, e de espetáculo político. O presidente Donald Trump elevou novamente as apostas, propondo uma tarifa adicional de 100% sobre as importações chinesas, somada aos impostos já existentes. Se a medida for implementada, o peso tarifário total pode chegar a impressionantes 130%, cenário que soa como receita para o caos entre fabricantes e fornecedores.
Pequim reagiu rapidamente, acusando Washington de adotar padrões duplos. Autoridades chinesas destacaram que os EUA restringem mais de 3.000 itens de exportação, enquanto a lista chinesa inclui apenas cerca de 900. A troca de acusações, marcada por expressões como “uso político da segurança nacional”, evidencia a escalada da confrontação econômica entre as duas potências.
Com seu estilo característico, Trump declarou que a China estaria “mantendo o mundo refém” por meio de seu domínio sobre as terras raras, materiais essenciais que alimentam desde smartphones até mísseis.
Os mercados reagiram de imediato e com força: o S&P 500 caiu 2,7%, enquanto o Nasdaq recuou 3,5%.
Para aumentar ainda mais a incerteza, Trump deixou no ar a possibilidade de cancelar o aguardado encontro com Xi Jinping durante a próxima cúpula da APEC. “Não cancelei, mas não sei se teremos a reunião. De qualquer forma, estarei lá, então suponho que talvez aconteça”, afirmou o presidente, em tom enigmático. Para investidores e analistas, o impasse já se assemelha a um thriller político de longa duração, repleto de reviravoltas e cliffhangers.
Alguns analistas acreditam que Pequim está elevando o tom de propósito, tentando redefinir a narrativa das negociações, e talvez até sinalizar disposição para concessões a fim de manter o diálogo aberto. Por ora, entretanto, a bola está no campo de Washington. Após os pronunciamentos duros da China, o tom da comunicação oficial norte-americana mudou de forma curiosamente contraditória:
“Os EUA querem ajudar a China, não prejudicá-la.” Um episódio digno de roteiro de cinema, mas com implicações muito reais para a economia global.
