A inteligência artificial está deixando de apenas dar conselhos para começar a agir de forma autônoma. O novo modelo, que analistas chamam de “comércio agente”, projeta um cenário em que a IA realiza compras sozinha, em nome do usuário.
Segundo o Bank of America, esse mercado pode gerar até US$ 1 trilhão em receita para o varejo dos Estados Unidos até 2030. O próprio modelo de consumo está mudando: já não se trata de pessoas procurando produtos, são os algoritmos que buscam soluções.
Essa nova IA, que difere dos assistentes tradicionais, não pede permissão. O usuário apenas define parâmetros, por exemplo, “tênis de até US$ 100” — e recebe não só os links, mas a compra finalizada e o número de rastreamento.
Embora isso traga conveniência, exige também um novo nível de confiança e controle. Menos carrinhos abandonados significam mais atenção à segurança e à verificação de identidade. As redes de pagamento já estão se preparando. A PayPal, por exemplo, lançou a plataforma Agentic Commerce Services, que permite a sistemas de IA realizar pagamentos de forma segura. Até 2026, a empresa planeja integrar sua carteira digital ao ChatGPT, adicionando o botão “Comprar com PayPal”.
A Visa apresentou o Trusted Agent Protocol, desenvolvido em parceria com a Cloudflare, que garante que a compra seja feita por um agente autorizado, e não por um script aleatório.
Enquanto isso, a Mastercard aposta no Agent Pay, um sistema de pagamentos tokenizado com detecção de fraude integrada. Entre seus parceiros estão PayPal, Microsoft e Google, e o lançamento é esperado para a temporada de fim de ano.
Os varejistas também estão aderindo à tendência. O Walmart já permite compras por meio do ChatGPT, enquanto a Amazon lançou o recurso “Buy for Me”, que autoriza a IA a fazer pedidos em sites de terceiros. Recentemente, a Mastercard concluiu sua primeira transação feita por um agente — um passo ainda simbólico, mas que indica que a automação das compras no varejo já é uma realidade, não apenas uma teoria.
O comércio agente está redefinindo a lógica das vendas. A eficiência começa a superar o marketing, as marcas cedem espaço aos algoritmos, e a visibilidade das empresas passa a depender não da publicidade, mas de quão bem seus dados são interpretados pela IA.
Para as redes de pagamento, começa uma nova corrida: ser a primeira a criar a infraestrutura capaz de processar milhões de compras automatizadas. E, segundo o Bank of America, quem construir primeiro um sistema confiável de confiança e pagamentos será quem colherá as maiores recompensas.