As criptomoedas tiveram o pior mês do ano, e não por causa de hackers, mas devido a fatores macroeconômicos.
De acordo com o Citi, o mercado cripto começou a cair bruscamente depois que os Estados Unidos ameaçaram impor tarifas de três dígitos sobre produtos chineses em outubro e endureceram o controle sobre exportações de software.
O resultado foi a maior liquidação de posições da história: mais de US$ 19 bilhões em apostas alavancadas evaporaram do mercado em um único dia — um valor nove vezes maior que o registrado em fevereiro e quase vinte vezes o observado durante os eventos de 2020.
O Bitcoin, principal ativo do setor, encerrou o mês no vermelho pela primeira vez desde 2018, mesmo com os índices acionários em alta, impulsionados pelo otimismo em torno da inteligência artificial. Mas, à medida que o entusiasmo com a IA começou a esfriar, os investidores em criptoativos ficaram sem suporte, e sem apetite por risco.
Em 10 de outubro, o Bitcoin chegou a cair brevemente abaixo da marca de US$ 100.000, atingindo o menor nível desde junho. O preço recuou mais de 20% em relação ao pico de outubro, um sinal técnico de mercado de baixa — embora muitos analistas o encarem como uma pausa saudável após um período de superaquecimento.
A CoinGlass informou que mais US$ 1,27 bilhão em posições, principalmente apostas de alta (longs), foram liquidadas nos últimos dias. Os traders que apostaram na continuidade da valorização receberam um lembrete clássico: as criptomoedas não seguem calendário.
Em relatório a clientes, o Citi destacou que o número de grandes detentores de Bitcoin está diminuindo, enquanto o número de carteiras de varejo continua aumentando — ou seja, as “baleias” estão recuando, e o público comum está entrando.
Os analistas também observaram que a queda nas taxas de financiamento reflete menor interesse por negociações alavancadas, e que o quadro técnico permanece fraco, com o Bitcoin sendo negociado abaixo da média móvel de 200 dias.
Ainda assim, o Citi acredita que o ciclo de adoção dos criptoativos está apenas começando. Segundo o banco, embora o mercado esteja mais cauteloso, isso não representa o fim da narrativa. Os analistas apontam que os fluxos para ETFs à vista tornaram-se um indicador crucial para avaliar se os investidores estão otimistas com a próxima onda de crescimento ou apenas aguardando a estabilização do cenário.