O Bitcoin está deixando de ser apenas um ativo especulativo para se consolidar como uma reserva de valor de longo prazo. Segundo Samson Mou, a principal criptomoeda começa a assumir um papel no sistema financeiro global muito semelhante ao do ouro, um ativo que não se tornou estratégico por decisão governamental, mas pelo reconhecimento gradual do mercado e da sociedade ao longo de séculos.
Mou destaca que foi justamente esse reconhecimento social que conferiu valor ao ouro, antes mesmo de os governos demonstrarem interesse. O Bitcoin segue um caminho parecido: primeiro passou a integrar os balanços de empresas, e tende, com o tempo, a entrar também nos balanços de Estados. A comparação não é fortuita — o Bitcoin compartilha características fundamentais com o ouro: oferta limitada, acessibilidade global, independência de emissores e resistência à inflação.
Enquanto isso, os tradicionais títulos governamentais, como os Treasuries dos EUA, estão perdendo apelo. A dívida americana já ultrapassa US$ 38 trilhões, e os rendimentos dos títulos oscilam em meio a incertezas políticas e inflacionárias — um cenário que empurra investidores em direção a ativos descentralizados.
Na visão de Mou, o Bitcoin tem potencial para se tornar o ativo estratégico do século XXI, reduzindo a dependência de instrumentos baseados em dívida e fortalecendo a estabilidade financeira. A crescente liquidez do mercado cripto e a adoção institucional reforçam o surgimento de uma nova classe de reservas, imune às decisões de bancos centrais ou à política fiscal.
Ele ressalta que o interesse dos governos por qualquer ativo de valor é uma progressão natural. Se o Bitcoin se consolidar como um meio legítimo de poupança, é inevitável que governos passem a desenvolver políticas, regulações e até estratégias de acumulação. Embora ainda seja cedo, os sinais de uma mudança estrutural já começam a aparecer.
Assim, o Bitcoin avança em sua trajetória como o ouro da era digital — sustentado pela mesma lógica de reconhecimento, mas ampliado por capacidades tecnológicas inéditas. Para muitos países pressionados por dívida e inflação, as criptomoedas podem deixar de ser vistas como uma ameaça e tornar-se um instrumento essencial de estabilidade de longo prazo.