A política comercial dos Estados Unidos provocou um forte abalo na economia japonesa. Devido às tarifas impostas por Washington, as principais montadoras do país viram praticamente US$ 10 bilhões desaparecerem de seus lucros, tornando-se vítimas colaterais de um conflito comercial global cada vez mais intenso. Trata-se da primeira queda significativa em anos, um sinal claro do impacto profundo das medidas americanas sobre setores essenciais da economia japonesa, especialmente aqueles dependentes de exportações.
Sete gigantes da indústria automotiva — Toyota, Honda, Nissan, Mazda, Mitsubishi, Subaru e Suzuki — registraram uma redução inédita na lucratividade. Entre abril e setembro de 2025, o lucro combinado dessas empresas despencou para 2,1 trilhões de ienes (aproximadamente US$ 13 bilhões), uma queda de 30% em relação ao mesmo período do ano anterior. O número evidencia, sem rodeios, o alto grau de dependência das montadoras japonesas em relação ao mercado americano.
Os efeitos, no entanto, vão muito além do setor automotivo. A economia japonesa recuou 1,2% no terceiro trimestre de 2025, queda diretamente ligada ao enfraquecimento das exportações pressionadas pelas tarifas dos EUA. Nos segundo e terceiro trimestres, o volume exportado encolheu 4%. Para a quarta maior economia do mundo, trata-se de um golpe expressivo, com potencial para limitar o crescimento por um período prolongado.
O consenso entre economistas é claro: as tarifas americanas atingiram duramente o Japão. A dependência histórica do país da venda externa de produtos de alto valor agregado colidiu com novas barreiras comerciais que restringem o acesso ao maior mercado consumidor do planeta. Sem um alívio tarifário substancial, tanto as exportações quanto o panorama econômico mais amplo devem continuar sob pressão nos próximos trimestres.