Mukesh Ambani, o maior magnata do petróleo da Ásia e alguém pouco preocupado com ideologias, transformou a Rússia, desde 2022, em sua fonte particular de petróleo. Sua holding, a Reliance Industries, já comprou cerca de US$ 33 bilhões em petróleo russo, o equivalente a aproximadamente 8% de todas as exportações de petróleo da Rússia. Para comparação, em 2021 esse valor era de apenas US$ 85 milhões. Agora, Ambani mostra como os negócios podem prosperar mesmo em meio a sanções e tensões políticas de alto nível.
A Reliance faz questão de afirmar que essas compras são decisões puramente comerciais, sem qualquer ligação com o conflito em curso. Uma posição conveniente — afinal, poucos no mundo corporativo tratam seus lucros como declarações políticas.
O problema é que os Estados Unidos cogitam incluir as compras indianas de petróleo russo em suas negociações comerciais. Na prática, isso poderia abrir espaço para novas tarifas, uma tentativa de Washington de ganhar poder de barganha, embora o impacto real de tal medida seja bastante duvidoso.
As iniciativas da União Europeia e do Reino Unido de elevar o teto de preços para exportações russas também surtiram pouco efeito. Os compradores indianos, confortáveis em sua posição estratégica, exigem descontos ainda maiores e não hesitam em ameaçar redirecionar o petróleo para a China caso Moscou não aceite. No fim das contas, a Rússia segue negociando em um mercado turbulento, sempre encontrando compradores de bolso fundo, mesmo em plena era de sanções e disputas geopolíticas.
A conclusão é simples: enquanto Washington debate como punir Moscou, o homem mais rico da Índia expande seus negócios e se aproxima cada vez mais da elite global do petróleo.
