Tiff Macklem, governador do Banco do Canadá, emitiu um forte alerta: as ações do presidente Donald Trump estão corroendo a atratividade do dólar americano como ativo de refúgio. Segundo ele, as tentativas de Trump de “consertar” o Federal Reserve levantam sérias dúvidas sobre a independência da política monetária dos EUA.
Desde abril, o dólar já perdeu quase 10% de seu valor, colocando em xeque sua reputação como a principal moeda de segurança global. Macklem ironizou ao afirmar que a moeda ainda ocupa o primeiro lugar apenas porque “ninguém inventou uma alternativa melhor”. Ainda assim, destacou que seu status de porto seguro em tempos de turbulência está cada vez mais questionado.
O banqueiro recomendou que as autoridades canadenses não se limitassem a assistir os EUA tratarem sua moeda como “bola de pingue-pongue”, mas acelerassem medidas para aumentar a produtividade e diversificar mercados externos. Ele ressaltou que esse processo deveria ter começado há 15 anos, embora ainda considere que há tempo de agir.
Na avaliação de Macklem, as tensões comerciais com os EUA voltaram a elevar os custos de produção e corroer as receitas do Canadá. Nem cortes de juros nem estímulos fiscais resolverão o problema — apenas reformas estruturais podem, de fato, melhorar o quadro.
Em resumo, ele enviou um recado direto a Washington: o “foxtrote econômico” americano (padrão de crescimento marcado por avanços rápidos seguidos de desacelerações) não apenas enfraquece o dólar como também gera turbulência para os vizinhos. Já ao Canadá resta buscar alternativas para enfrentar os impactos.