Como de costume, os economistas do Morgan Stanley não se apressam em fazer declarações ousadas ou excessivamente pessimistas, mas também não recomendam tranquilidade. Embora os dados revisados de PIB e de consumo tenham reduzido parcialmente as preocupações, a equipe de especialistas é categórica: o pior ainda está por vir.
De um lado, os consumidores ainda não sentiram uma desaceleração significativa e a taxa de demissões não aumentou, o que sugere que uma recessão severa ainda não chegou. De outro, o enfraquecimento do mercado de trabalho, a desaceleração na criação de empregos e a estagnação da renda já sinalizam uma “pausa prolongada”, que pode facilmente evoluir para uma recessão completa.
As tarifas impostas por Trump são uma dor de cabeça particular, pois elas vêm freando investimentos, limitando os gastos de capital e comprimindo as margens das empresas, sobretudo dentro da cadeia global de produção. Após uma breve trégua, China, Japão e Europa já apresentam quedas nos índices PMI. Mesmo nos Estados Unidos, os efeitos começam a se manifestar e tendem a se intensificar, o que não é um bom sinal.
O Morgan Stanley reconhece o humor construtivo dos mercados neste momento, mas adverte que ele pode mudar rapidamente. Segundo o banco, esse otimismo pode se dissipar com facilidade. Os riscos de queda só aumentam, e a desaceleração parece quase inevitável. Embora a recessão ainda não seja o cenário-base, os próximos trimestres podem trazer surpresas desagradáveis.