Os analistas do Bank of America voltaram a examinar de perto a zona do euro e, como de costume, continuam preocupados. Segundo o relatório mais recente, a economia do bloco não está em crise, mas está longe de ser saudável.
O principal ponto de atenção é que as condições financeiras se tornaram mais restritivas, mesmo sem novos aumentos oficiais de juros. De acordo com o BofA, mudanças nas taxas de câmbio e nos juros reais equivalem, na prática, ao impacto de uma ou duas altas adicionais nas taxas. Essa deterioração ocorreu desde a reunião de junho do BCE, quando o banco central havia afirmado com confiança que a economia europeia estava em posição sólida, uma visão que agora parece bem mais frágil.
Os analistas reconhecem que a economia da zona do euro está estagnada. O ritmo da atividade econômica continua lento, os dados são pouco inspiradores, e os efeitos das decisões de política monetária anteriores apenas agora começam a se manifestar.
O relatório destaca que a atividade é fraca, que os indicadores de sentimento estão estagnados e que o impacto antecipado do primeiro semestre de 2025 ainda não se materializou.
A inflação surpreendeu ligeiramente para cima em setembro, mas o BofA vê isso como um último suspiro antes da desaceleração. A política monetária segue restritiva, e os analistas afirmam que a questão não é se o BCE cortará os juros, mas quando.
Embora o discurso regulatório tenha se tornado menos rígido, o BCE ainda está longe de sinalizar um afrouxamento monetário. Mesmo assim, há um fio de esperança, cuidadosamente controlado e em linha com o cauteloso estilo institucional europeu.
O relatório também menciona encontros recentes de analistas do BofA em Roma, onde o contexto econômico foi descrito como um período de “calma interna”, uma expressão que indica estabilidade aparente, mas acompanhada de desconforto latente.
Há, contudo, um ponto positivo: o déficit orçamentário de 2025 ficou melhor do que o esperado, abrindo espaço para que a UE saia do procedimento de déficit excessivo até a primavera de 2026. Os gastos com defesa estão crescendo, embora de forma lenta.
No fim, a perspectiva para a zona do euro mantém seu caráter tipicamente europeu: a economia não está em colapso, mas também não cresce de forma clara. As taxas de juros permanecem estáveis — nem sobem, nem caem. Predomina um clima de paz relativa, embora o termo mais preciso seja estabilidade cautelosa.